9 de fevereiro de 2011

Textos antigos...!

"Caríssimos, estou muito feliz em ver que vocês estão gostando das postagens! É muito bom saber que há alguém que gosta do que façamos. Pois bem, aqui vão mais dois textos há muito produzidos. Vejai."

Uma passagem.

Por toda a minha vida,
havia um muro alto na minha rua.
Era feito de tijolos grandes, pesados.
E sempre parecia forte, imponente, rígido.
Quando crianças, nos perguntávamos:
o que tinha atrás do muro?
Era um mistério.

Mistificávamos, mentíamos para os outros
tentando adivinhar o que ele escondia
por trás de sua armada.
Costumávamos dizer que havia um grandioso tesouro,
deixado por um rei muito rico.
Inventamos de tudo...
Nossa curiosidade era tremenda, que
um dia tentamos derrubá-lo:
Atiramos pequenos cascalhos em sua superfície,
inutilmente, ele nem sequer fez barulho.
Aí voltavamos ao questionamento,
do ídolo da nossa rua, o muro de concreto.
E assim foi que aconteceu, durante muito anos,
o muro intacto que pensávamos esconder algo...

O tempo veio, e como para todo mundo,
cresci, aprendi, envelheci...
Conheci segredos e artimanhas da vida.
Eu sabia caminhar pelas estradas mais confusas,
cantar as mais belas canções,
escolher a pedra com a inclinação necessária
para atirar no lago e obter um deslize,
e eu me senti completo.

Por toda a minha vida,
recordava-me do muro da minha rua.
E pensava, apenas pensava.
Não mais agia contra ele.
Não vi mais meus amigos curiosos,
não questionei o segredo do muro,
e não atirava pedras nele.
No fim, nunca vi o que tinha por trás dele.

Expirei, transcendi, e nada vi.
Creio que o muro ainda deve estar lá,
não sei se um dia alguém conseguirá derrubá-lo.
Tentei por muito tempo e não consegui...

Nada mais posso fazer agora,
já não tenho mais a chance...
Mas para você, deixo uma dica,
uma maneira de enxergar além do muro,
pois caso haja algum,
comece olhando para seu próprio coração,
e viva sua vida intensamente.
Como eu vivi, pensando no muro,
por toda a minha vida,
para bem mais tarde, eu descobrir:
quem estava por trás do muro,
era eu.

Colmeia.

Juntas, todas, uma grande confusão.
Para nós, já elas não.
Tem lá um líder, poderoso,
não possuímos o nosso,
e eu me mostro, receoso
e elas perguntam: E o vosso?

Não temos, respondemos.
É algo mais pessoal,
que talvez elas não entendam,
dessa forma distorcida e gradual.
Mas elas pensam, trabalham...
E nós?

E acusam-nos: Roubaram-nos!
A resposta vem estranha, esfarrapada:
Não é nada demais, não precisam mais que nós.
E fica arrasada.

Esquisita a comunidade a nossos olhos,
não creio eu que seja assim,
desmazelada, cheia, marfim.
Apenas vemos o mundo aos olhos, cegos?

Apossamo-nos do produzir delas,
com a intenção de disseminar,
o lúcido de desejo de um dia,
de igual a elas ficar.